Perspectivas para o comércio exterior brasileiro
PERSPECTIVAS PARA O COMÉRCIO EXTERIOR – 2018
É costume no Brasil se dizer que o ano começa depois do Carnaval. Contrariando esta ideia, eu diria que 2018 começou em outubro de 2017.
O ano anterior foi tão difícil que devido ao tempo perdido, a economia resolveu antecipar o início dos projetos de 2018. Tal iniciativa não foi combinada. O que motivou a indústria, comércio e agricultura, foram os indicadores econômicos positivos e a sensação generalizada que mesmo sem as reformas estruturais nos gastos públicos, já havíamos batido no fundo do poço.
Esta percepção do mercado, no entanto, não tem nem um pouco de empírica ou emocional.
Vejamos:
Dentre vários motivos, temos :
- Inflação sob controle
- Demanda aumentando (ainda que timidamente)
- Taxa básica de juros (Selic) caindo
- Desemprego dando sinais de diminuição.
Temos neste panorama um importante e quase imponderável fator que seria a cotação do dólar. A projeção do Bacen para 2018 de estar entre 3,10 e 3,40.
O mercado até recentemente vinha sinalizando algo na faixa de 3.40 – 3,55. Sou mais BACEN....
Eu digo “quase imponderável fator” porque nosso cambio é ligeiramente livre. O nosso Banco Central, tal qual mega especulador administra o fluxo da moeda na economia, liberando divisas das reservas para reduzir as cotações ou comprando dólares para evitar grandes quedas.
Destes fatores para otimismo, eu vejo como o mais importante, a diminuição da taxa Selic.
Sem nenhuma pretensão de fazer um estudo acadêmico mais aprofundado e mesmo considerando um período muito curto, eu procurei indícios de uma relação entre a taxa Selic e o crescimento do PIB.
No período analisado é visível que uma alta muito forte na taxa, causa prejuízo ao crescimento do PIB. Vejamos: Ano PIB % Taxa Selic 2014 +0,5 11,15 2015 - 3,8 14,15% + Agitação social pela saída da então Pres. Dilma Pres. 2016 - 3,6 14,18% + turbulência política pelo impeachment da Pres. Dilma
2017 + 1,0* 9,94% ( em processo de forte queda, prevista chegar abaixo de 7%.)
* Número ainda não oficial. Além destes bons indicadores, tivemos também boas previsões para a economia mundial devido a recuperação econômica nos USA e na Europa.
Com base nestes movimentos de expansão das atividades econômicas, os economistas do Banco Mundial e de outras instituições internacionais, estimaram um crescimento na área do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e South África) de mais de 7,5% em 2018, na média.
Para a América Latina, as previsões são bem mais modestas, estimativa de 2%, o mesmo crescimento que se projeta para o Brasil. O detalhe que com esta melhora, o nosso país ainda está um pouco longe de se recupera da queda do PIB dos últimos anos.
Como o Brasil pode se aproveitar desta nova onda de crescimento ?
Conforme já ocorreu no ultimo boom econômico mundial, tudo indica que deverá beneficiar-se no papel de coadjuvante e somente com a venda de produtos agrícolas e de matérias primas, como ferro, alumínio e é natural esperar considerável aumento na receita com estes itens.
Ou seja, continuamos com poucas chances para produtos de alto valor agregado. Existe uma explicação simples para isso: No processo produtivo de artigos mais elaborados, os impostos e encargos trabalhistas encarecem os preços de tal forma que tiram muito da nossa competitividade. Principalmente com os chineses que não sofrem com a carga tributária que enfrentamos. Se não bastasse ainda esta grande vantagem, pagando salários na base de US$ 10,00 x Mês para jornadas diárias de 16 horas. Descanso semanal ? Tardes de domingo. Férias, fugts, 13°... Perguntariam os trabalhadores chineses : “o que são mesmo essas coisas?”
A bem da verdade, e para nossa alegria, devemos dizer que esta situação já não é a regra geral na China. Vagarosamente, alguns trabalhadores estão conseguindo melhorias nas condições de trabalho e nos salários, o que deve encarecer os produtos chineses.
Nas importações, considerando o nível suportável que se espera o US$ alcançar e tendo em conta que com o aumento da atividades econômica, teremos seguramente aumento de demanda dos produtos importados, seria um bom momento para pesquisa de novos fornecedores e por produtos que sejam novidade, o que sempre estimula a compra.
Mesmo ainda persistindo o alto custo Brasil, em 2018 podemos contar com a possibilidade de 2018 ser um ano de retomada. Tenho a esperança de não venha a ser mais um “voo de galinha”.